quarta-feira, 26 de maio de 2010

Viva


Morre lentamente, quem não viaja, não lê. Quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, que não se deixa ajudar...
Morre lentamente, quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto. Quem não muda a marca no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com quem não conhece...
Morre lentamente, quem evita uma paixão, prefere o "preto no branco" e os "pingos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam o brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos...
Morre lentamente, quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho. Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho. Quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante. Desistindo de um projeto antes de iniciá-lo. Não perguntando sobre um assunto que não conhece, e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar...
Estejamos vivos então!






Pablo Neruda