É esse sabor ardido e quente, de quando se está frente a frente com alguém que você sempre quis conhecer, um lugar que você sempre quis visitar.
É a boca seca, o nervosismo...
Talvez seja esse sabor doce e morno de vida cotidiana, massante, final de tarde chuvoso em que tudo que você quer é mudar essa vida radicalmente.
Provavelmente é o sabor quente de fazer o que dizem ser errado, de se tornar alguém à margem de tudo, mesmo que seja só por alguns instantes.
É o sabor azedo do desprezo e da solidão a dois, ou no meio de uma multidão.
Nessa vida de caos constante, nos acostumamos a fingir que não vemos, não sentimos,não sofremos, não choramos...
Nos acostumamos a esconder quem somos de verdade, interpretamos o tempo todo.
E no final do dia, ou no meio da madrugada, resolvemos ser nós mesmos na frente da tela de um computador... É seguro não é?
Eu acho frustrante, prefiro enfrentar meus demônios todos os dias, para depois vir até aqui, despejar o que eu infelizmente não tive coragem suficiente pra dizer. Então, percebo o quão prepotente sou, em achar que é fácil ser você mesmo 100% do tempo...
Talvez não seja justo com você ou com as outras pessoas. Todos temos segredos, verdade inconfessáveis, e alguns deles é melhor que permaneçam conosco.
E assim se vai mais um dia, e quando se percebe, você já se acostumou e fingiu que não sentiu o sabor do caos.
Satine